Erster Aufzug
Primeiro Ato

Zur See auf dem Verdeck von Tristans Schiff während der Überfahrt von Irland nach Kornwall. Zeltartiges Gemach auf dem Vorderdeck eines Seeschiffes, reich mit Teppichen behangen, beim Beginn nach dem Hintergrunde zu gänzlich geschlossen; zur Seite führt eine schmale Treppe in den Schiffsraum hinab. – Isolde auf einem Ruhebett, das Gesicht in die Kissen gedrückt. Brangäne einen Teppich zurückgeschlagen haltend, blickt zur Seite über Bord. No mar, no convés do barco de Tristão, durante a travessia da Irlanda para a Cornualha. Aposento semelhante a uma tenda, completamente fechado; ao lado, uma pequena escada conduz ao interior do barco. Isolda encontra-se num divã, o rosto afundado nas almofadas. Brangäne, afastando um tapete para o lado, olha para fora de bordo. 

 

SZENE I

CENA I

Isolde. Brangäne. Seemann. Isolda, Brangäne, marinheiro (que canta fora de cena).

STIMME EINES JUNGEN SEEMANNS
VOZ DE UM JOVEM MARINHEIRO

(aus der Höhe, wie vom Mast her, vernehmbar) (ouvindo-se do alto, como se viesse do mastro)

Westwärts

Para oeste
schweift der Blick;

vagueia o olhar (do marinheiro que pensa na amada),
ostwärts

para leste
streicht das Schiff.

navega o barco.

06Frisch weht der Wind

O vento sopra fresco
der Heimat zu:

em direção à pátria:
mein irisch Kind,

minha menina irlandesa,
wo weilest du?

onde está?
Sind’s deiner Seufzer Wehen,

São por acaso, os seus suspiros
die mir die Segel blähen?

que enchem as minhas velas?
Wehe, wehe, du Wind! 

Sopra, sopra, oh, vento!
Weh, ach wehe, mein Kind!

Suspira, ah, suspira, minha menina!
Irische Maid,

Menina irlandesa,
du wilde, minnige Maid!

sua rebelde, menina adorável!

ISOLDE

ISOLDA
(jäh auffahrend)

(erguendo-se repentinamente)

Wer wagt mich zu höhnen? 7

Quem se atreve a zombar de mim?


(Sie blickt verstört um sich)

(perturbada, olha à sua volta)

Brangäne, du?

Brangäne, é você?
Sag’, – wo sind wir? 6

Diga-me, onde estamos?

BRANGÄNE

BRANGÄNE
(an der Öffnung)

(junto da abertura)

 

 

Blaue Streifen

Riscos azuis
stiegen im Osten auf;

levantaram-se no oriente;
sanft und schnell

suave e veloz
segelt das Schiff:

avança o barco:
auf ruhiger See vor Abend

no mar sereno, antes da noite,
erreichen wir sicher das Land.

alcançaremos com certeza a terra.

ISOLDE
ISOLDA

Welches Land?

Que terra?

BRANGÄNE

BRANGÄNE

 

Kornwalls grünen Strand.

A praia verde da Cornualha.

ISOLDE

ISOLDA

 

 

Nimmermehr!

Nunca!

Nicht heut, noch morgen!

Nem hoje, nem amanhã!

BRANGÄNE
BRANGÄNE
(lässt den Vorhang zufallenund eilt bestürzt zu Isolde)

(deixa a cortina fechar-se, preocupada, correndo para Isolda)

 

Was hör’ ich? Herrin! Ha!
O que estou ouvindo? Minha Senhora! Ah!

ISOLDE
ISOLDA
(wild vor sich hin)
(com raiva contida)


 

Entartet Geschlecht!
Raça degenerada!
Unwert der Ahnen!  8
Indigna dos antepassados!
Wohin, Mutter,
Aonde, mãe,
vergabst du die Macht,
deixou o poder
über Meer und Sturm zu gebieten?
de desencadear tormentas?
9  O zahme Kunst
Ó arte mansa
der Zauberin,
da feiticeira,
die nur Balsamtränke noch braut!
que ainda só prepara bálsamos!
8  Erwache mir wieder,
Acorda novamente em mim,
kühne Gewalt;
poder ousado;
herauf aus dem Busen,
ressurge do seio,
wo du dich bargst!
onde se escondeu!
Hört meinen Willen,
Escutem a minha vontade,
zagende Winde!
ventos tímidos!
Heran zu Kampf
Venham para a luta
und Wettergetös’!
e para ruidosos temporais!
8  Zu tobender Stürme
Desatem os turbilhões
wütendem Wirbel!
de tempestades furiosas!
Treibt aus dem Schlaf
Arranquem do sono
dies träumende Meer,
este mar sonhador,
weckt aus dem Grund
despertem das profundezas
seine grollende Gier!
sua cobiça raivosa!
Zeigt ihm die Beute,
Mostrem-lhe a presa,
die ich ihm biete!
que lhe ofereço!
Zerschlag es dies trotzige Schiff,  8
Que despedacem este navio obstinado,
des zerschellten Trümmer verschling’s!
e devorem seus destroços!
Und was auf ihm lebt,
E tudo que nele vive,
den wehenden Atem,
e tudo o que nele respira,
den lass’ ich euch Winden zum Lohn!
eu lhes entrego, ventos, como recompensa!

BRANGÄNE
BRANGÄNE
(im äussersten Schreck,um Isolde sich bemühend)
(extremamente assustada, observando Isolda com preocupação)


 

O weh!
Ai, que desgraça!
Ach! Ach,
Ah! Ah,
des Übels, das ich geahnt!  9 
o mal que eu pressentia!
Isolde! Herrin!
Isolda! Minha senhora!
Teures Herz!
Coração amado!
Was bargst du mir so lang?
O que tanto tempo escondeu de mim?
Nicht eine Träne
Nem uma lágrima
weintest du Vater und Mutter;
derramou por seu pai e por sua mãe;
kaum einen Gruss
quase nenhuma palavra
den Bleibenden botest du.
aos que ficaram para trás.
Von der Heimat scheidend
Deixou a sua terra
kalt und stumm,
fria e muda,
bleich und schweigend
pálida e silenciosa
auf der Fahrt;
fez a travessia;
ohne Nahrung,
sem alimento,
ohne Schlaf;
sem sono
8  starr und elend,
quieta e miserável,
wild verstört:
terrivelmente transtornada:
wie ertrug ich,
como suportei,
so dich sehend,
vê-la assim,
nichts dir mehr zu sein,
sem poder lhe oferecer consolo,
fremd vor dir zu stehn?  9
estando como uma estranha ao seu lado?
Oh, nun melde,
Ó, diga-me
was dich müht!
o que a aflige!
Sage, künde,
Diga-me
was dich quält!
o que a atormenta!
Herrin Isolde,
Isolda, minha querida senhora,
trauteste Holde!
amado espírito!
Soll sie wert sich dir wähnen,
Deva considerá-la valorosa,
vertraue nun Brangänen!
confie em Brangäne!

ISOLDE
ISOLDA

 

8  Luft! Luft!
Ar! Ar!
Mir erstickt das Herz!
O meu coração está sufocando!
Öffne! Öffne dort weit!
Abre! Abre completamente!

BRANGÄNE
BRANGÄNE

(Brangäne zieht eilig die Vorhänge in der Mitte auseinander)
Brangäne abre rapidamente as cortinas)